Moisés e a espiritualidade do caminho


Pe. Alfredo J. Gonçalves *


Fonte: Adital 


Três tipos de alternância dialética nos inspiram a seguir de perto os passos, ao mesmo tempo corajosos e titubeantes, do grande líder Moisés na saga da Libertação do Egito. Dessa reflexão não é difícil destilar uma espiritualidade do caminho. Vejamos uma por uma as três alternâncias: a) o episódio da "sarça ardente" em contraposição à escravidão do Faraó (capítulos de 1 a 3); b) a Aliança do Monte Sinai em confronto com o bezerro de ouro e a situação de idolatria no deserto (capítulos de 19 a 32); e c) a "Tenda da Reunião" como lugar de oração em meio aos embates ruidosos do acampamento (capítulo 33). Convém não esquecer que o Livro do Êxodo relata a experiência fundante do Povo de Israel, com sua fé no Deus único, Iahweh.


Na primeira alternância, Moisés confronta-se com a tensão entre, de um lado, um singular encontro com Deus, simbolizado na sarça ardente e, de outro lado, a exigência de Iahweh de enviá-lo como mensageiro ao Faraó para "fazer sair do Egito o meu povo". Diz o texto que "a sarça ardia no fogo, mas não se consumia". O que verdadeiramente queima é o coração de Moisés, premido em dupla tensão: o clamor do povo hebreu escravo e o medo dos soldados do Faraó. Moisés, indignado com opressão de seus irmãos de raça, começa por uma ação violenta, isolada, impensável, impetuosa. Perseguido, foge para a terra de Madiã, onde se encontra com as filhas de um sacerdote chamado Regüel, seu futuro sogro. Casa-se com Séfora, e passa a viver uma vida agropastoril aparentemente tranqüila. Apesar disso, "sou um imigrante em terra estrangeira", conclui.

Iahweh irrompe em sua vida com a força de uma pedra atirada sobre a superfície de um lago de água calma e parada. O conflito interno entre o grito dos escravos e o medo da morte o leva à montanha para estar a sós com Deus. Espera dele uma resposta para suas inquietações e remorsos. Mas o encontro o deixa ainda mais perturbado, o questiona profundamente. Longe de aplacar-lhe as interrogações quanto à situação do Egito, Iahweh como que aponta o dedo para essa terra, onde o império engendra pecado e morte. "Eu vi a miséria do meu povo... Eu ouvi o seu clamor... Eu conheço seu sofrimento... Eu desci para libertá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e vasta, terra que mana leite e mel". E o texto segue: "Agora, o clamor dos filhos de Israel chegou até mim".

Quatro verbos, na primeira pessoa do singular, atribuídos ao próprio Deus. Expressões que traduzem pungente sensibilidade com a condição socioeconômica dos hebreus escravizados. Diante da história das religiões no mundo antigo, trata-se de um Deus verdadeiramente único: em contraste com a teocracia dos povos vizinhos, Iahweh revela-se atento e solidário com os pobres e com as vítimas, ao ponto de descer para caminhar com eles. Descida que de alguma forma antecipa o mistério da Encarnação, quando o "verbo se faz carne e arma sua tenda entre nós" para anunciar a Boa Nova do Evangelho (Jo 1,10-18). Descida que exemplifica também o grandioso processo de kenosis -aniquilamento, despojamento- de um Deus que não "se apega ciosamente à sua condição divina", mas se faz forasteiro para caminhar conosco nos atalhos atribulados da história (Fl 2, 6-11).
E assim Iahweh interpela Moisés a fazer o mesmo: desinstalar-se de sua tranqüilidade pastoril e familiar e pôr-se a caminho, como pastor não de ovelhas mas de um povo: "Vai, pois, eu te enviarei a Faraó", com a missão de organizar o processo de libertação. Aqui entra em jogo a dinâmica da oração: a subida à montanha complementa-se no compromisso para com o povo oprimido do Egito. Oração e ação são duas faces da mesma moeda. Enquanto o deserto e a inquietação de Moisés o levam à montanha para o encontro com Deus, este o reconduz à terra do Egito, justamente de onde ele havia escapado. A verdadeira contemplação de desdobra em práxis concreta com vistas à libertação do jugo opressivo do Faraó. A montanha exige a volta ao Egito e o conflito deste requer visitas freqüentes ao "solo sagrado", no sentido de buscar luz para os momentos de escuridão.
Em décadas passadas, especialmente nos regimes de exceção, talvez tenhamos acentuado demasiadamente a figura de um Moisés como líder sóciopolítico. Embora educado no palácio real, tinha consciência da situação histórica em que vivia sua gente. Após o ímpeto de uma ação impensada, passa agora a organizar e mobilizar o povo para o enfrentamento com as forças do Faraó. Na visão do profeta, predominava o caráter lutador e libertador de sua personagem. Ficava em segundo plano o lado místico e espiritual do mesmo Moisés. Uma leitura mais atenta do texto, entretanto, revela um líder prostrado diante de Iahweh, ouvinte fiel de sua palavra e de seu projeto. Um lutador, sem dúvida, mas que, antes de empreender sua missão de libertar o povo, sobe à montanha, "tira as sandálias", e perscruta a vontade de Deus. Tirar as sandálias significa desarmar-se, desnudar-se dos interesses, instintos, paixões e defesas. Ter presente as limitações e fraquezas do ser humano, desconfiar das próprias forças, para confiar naquele que chama e envia.

Na verdade, Moisés insiste em buscar segurança. Quer saber o nome de Deus e as palavras que terá de transmitir ao Faraó. Mas Iahweh não se deixa manipular nem instrumentalizar. Deus não tem nome, sua grandeza é indizível e indecifrável. Não cabe em palavras, conceitos, definições e formulações humanas. Permanece um mistério insondável. Sabemos pelos avanços da antropologia cultural que denominar é dominar. O ser humano dá nome às coisas na medida em que as domina. Por isso Deus silencia sobre seu nome. Simplesmente responde: "Eu sou aquele que sou!" O que pode significar que seu nome se revela nas entrelinhas da história quando esta é assumida corajosamente pelas mãos das próprias pessoas. Ou melhor, Ele somente se revela através da ação humana.

Por isso, para conhecê-lo, Moisés tem de descer ao Egito. Deus não fala diretamente ao profeta, mas dá a conhecer sua vontade nas coordenadas da trajetória humana. Não há magia nem espetáculo, tampouco vozes misteriosas proferidas no meio da noite. A voz de Deus nasce no chão umedecido pelas lágrimas, pelo suor e pelo sangue. Ele assume o clamor dos oprimidos, como seus prediletos. Ama a todos, como a mãe ou o pai, mas tem pelos que sofrem um carinho especial. Aqueles que, por qualquer circunstância, se encontram marginalizados, excluídos e indefesos ganham o lugar privilegiado em seu coração. Daí, por exemplo, a fé popular no sagrado coração de Jesus e Maria. Constituem a pátria dos que não tem pátria!
O conhecimento de Deus passa necessariamente pelo compromisso com os pobres e com seu destino. Na medida em que Moisés se encarnar no sofrimento dos escravos, tomar sobre os ombros a sua causa e se empenhar em suja libertação - então sim, Deus vai revelando os traços ocultos de seu rosto e os balbucios inaudíveis de seu nome. Numa palavra, só se conhece a Deus quando se é capaz de descer aos "infernos do sofrimento humano". Deus se revela no rosto desfigurado dos crucificados da história, como lemos no Documento de Puebla (Nos 31-39). "Era migrante e vocês me acolheram"; "era migrante e vocês não me acolheram" (Mt 25, 35.43). A oração, simbolizada pela sarça arde sem queimar, devolve o tímido Moisés ao compromisso social e político.

E mais: a situação de Moisés como "imigrante em terra estrangeira" também se modifica. Ao deixar o isolamento do deserto e da família, ao encontrar-se com Deus e ao retornar às terras do Egito, ele se irmana com seu povo escravo, incorpora suas dores e esperanças, encarna suas lutas e sonhos. Assume a missão de organizar a fuga libertadora. Ganha uma cidadania em dupla dimensão: recupera a pertença efetiva a um povo e a uma cultura e, ao mesmo tempo, incorpora a promessa de conquistar uma nova terra, a pátria prometida, onde o leite e o mel aparecem com símbolos de fartura e prosperidade.

2. Um povo de cerviz dura
A segunda alternância põe lado a lado a Aliança de Iahweh com seu povo e, por parte deste, o rompimento infiel com a mesma aliança. Se no item anterior a imagem da sarça ardente se alternava com a escravidão no Egito, agora o Monte Sinai se contrapõe à desobediência do povo no longo caminho pelo deserto. Na verdade, os sinais de descontentamento e rebeldia percorrem várias páginas do Livro do Êxodo. Mal empreendem a travessia do mar vermelho, começam as murmurações: "Antes fôssemos mortos pela mão de Iahweh na terra do Egito, quando estávamos sentados junto à panela de carne e comíamos pão com fartura! Certamente nos trouxeste a esse deserto para fazer toda esta multidão morrer de fome". E as lamentações crescem não só com a falta de comida, mas também com a sede e o abandono.
Liberto das garras do Faraó, o povo não sabia o que fazer com a própria liberdade. O saudosismo do paraíso passado, mesmo que fosse um paraíso de escravidão, toma conta de todos. Melhor continuar como escravos e bem alimentados do que livres e famintos. O deserto é um símbolo desse "medo à liberdade", para usar a expressão de Erich Fromm. Diante do desafio de responder pelos próprios atos, é mais fácil depositar a liberdade aos pés de alguém que pelos menos nos garante a comida. Faz lembrar a "gaiola de ferro" de que falava Max Weber ao comentar os progressos da Revolução Industrial e da modernidade. A liberdade se revela um fardo pesado, pesado demais para um povo imaturo.

Imaturo porque reduzira a liberdade à simples libertação. O conceito de liberdade, porém, tem duas dimensões fundamentais, complementares e indissociáveis: liberdade de e liberdade para. "Liberdade de" representa fuga, escapar do jugo da opressão, vencer a dependência; "liberdade para" significa assumir nas mãos o próprio destino, construir alternativas, responsabilizar-se pelas opções tomadas. Talvez essa visão de liberdade como mera libertação explique uma deficiência comum nas pastorais sociais, movimentos e organizações populares, como também nas esquerdas latino-americanas em geral. Trata-se da dificuldade de elaborar projetos alternativos. É mais fácil atirar pedras sobre o telhado dos outros do que construir um novo telhado.
Neste sentido, a herança da Igreja Católica, com sua mística do Êxodo, talvez tenha aqui uma boa dose de responsabilidade. Quando se trata de libertar-se do império egípcio (ou das ditaduras militares), as coisas são simples e diretas, preto no branco. Porém, quando se trata de enfrentar o deserto e utilizar a liberdade de escolha, as coisas se tornam bem mais complexas. Não se trata mais do cenário medieval de heróis e vilões, nem da luta entre mocinhos e bandidos do farwest norte-americano. Num mundo livre, essas leituras simples e simplistas da história dão lugar a uma complexidade matizada por inúmeros tons e graus, onde a dicotomia e o dualismo são definitivamente superados.

Em síntese, não basta libertar-se das botas do exército opressor, é preciso, em meio ao deserto inóspito, abrir novas veredas e focalizar a meta num determinado horizonte. Se a libertação conduz a uma encruzilhada, a liberdade pressupõe uma escolha que a supere. Nesse terreno minado e escorregadio da encruzilhada, insta-se com frequência a ambiguidade da crise: tanto podemos retornar ao saudosismo do colo da mãe, quanto avançar para os desafios do caminho. A crise costuma levar os fracos ao berço e os fortes à fronteira. As exigências e consequências da liberdade recaem sobre os protagonistas, não sobre figuras personalistas e "salvadores da pátria".

Diante do deserto desconhecido, onde o vento apaga as pegadas da areia, agora não é mais Moisés, e sim o povo que busca segurança. Esta não se manifesta somente na satisfação das necessidades básicas, mas também na busca de uma fé que sustente um cotidiano marcado por turbulência e indefinição. Moisés subiu ao Monte Sinai e lá desapareceu junto com seu Deus. Demora a retornar para indicar o caminho. O povo se volta para o outro líder, Aarão: "Vamos, faze-nos um deus que vá à nossa frente, porque a esse Moisés, a esse homem que nos fez subir da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu". E assim, com as jóias e objetos que puderam recolher, fabricam um bezerro de ouro, ao qual "ofereceram holocaustos e trouxeram sacrifícios de comunhão". Satisfeito e mais seguro, "o povo assentou-se para comer e para beber, depois se levantou para se divertir".
O medo, a insegurança e o rompimento com o Deus da Aliança conduzem ao caminho da idolatria. O povo recusa Iahweh, que o convida a caminhar livre, preferindo prostrar-se como escravo frente a uma estátua. Um líder forte e autoritário e junto uma simples estátua devolvem ao povo o chão firme sob os pés. O deserto sem trilhas, a necessidade de enfrentar desafios novos, o cansaço da marcha, a falta de um líder e de um deus visível e manipulável - tudo isso assusta como um abismo sem fundo. Melhor aferrar-se ao que é conhecido, a um deus feito à nossa imagem e semelhança. Um deus que legitime nosso comportamento e nos deixe saciados e em paz. Ao invés da liberdade de ação, prevalece a lei da inércia. E o povo come, e bebe e se diverte!

Avisado por Deus da infidelidade do povo, Moisés desce indignado do monte. Frente à multidão idolátrica e rumorosa, quebra as tábuas da lei junto com o bezerro de ouro. O decálogo, ou dez mandamentos, tem como fundamento a idéia do Deus da vida e da liberdade: "Eu sou Iahweh teu Deus, que te fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão". Por isso, a ira santa de Moisés representa a irrupção dessa divindade no lago calmo das águas paradas. Uma vez mais, a contemplação na montanha sacode o torpor da estabilidade e insta o povo a recomeçar o caminho. O deserto é vasto e árido, a terra prometida está longe, é preciso pôr-se novamente em marcha. O deus conhecido e instrumentalizado -a estátua do bezerro- tende a instalar-se no ponto de chegada. Mas Iahweh, o Deus desconhecido da montanha, faz de cada ponto de chegada um novo ponto de partida. Interpela, desafia a liberdade e aponta para a necessidade de seguir em frente para a terra prometida. Sua promessa não é realização mágica, mas incentivo à fé com vistas a prosseguir no caminho.

3. Tenda é a casa do forasteiro
Por fim, a terceira alternância joga com os conceitos de acampamento e tenda. Esta é armada por Moisés "fora do acampamento, longe do acampamento". Como lugar de reunião e de oração, não pode confundir-se com o ruído e a euforia cotidianos. Tampouco pode situar-se muito longe do campo onde a vida sofre, luta e se debate. Tenda e acampamento se integram, se interpelam, se questionam, se complementam - mas não se mesclam. A tenda onde Deus se faz presente pela simbologia de "uma coluna de nuvem parada à sua entrada" deve permanecer suficientemente perto do acampamento, para que todo o povo pudesse levantar-se e prosternar-se enquanto "Iahweh falava com Moisés face a face, como um homem fala com outro". Ao mesmo tempo, porém, a tenda deveria estar suficientemente afastada do acampamento, como ponto de referência que, sem se misturar ao burburinho diário, induz a um silêncio respeitoso frente à presença do Senhor.
Aqui também, como no episódio da sarça ardente, Deus não se deixa manipular. Encontra-se presente e ausente ao mesmo tempo. A proximidade e a distância da tenda em relação ao acampamento expressam, simultaneamente, essa presença que se ausenta, ou essa ausência que se faz presente. O mistério divino não se enquadra em nossos esquemas mentais, não se restringe ao programa de uma organização ou partido, não se esgota nas formulações históricas e culturais. A utopia da Terra Prometida rompe todas as fronteiras possíveis e imagináveis. O projeto de Deus não cabe nos limites da racionalidade humana. Por outra parte, esse mesmo projeto não está desvinculado dos desejos e temores que habitam e dilaceram a alma humana, lá na convivência do acampamento. É um projeto que começa no acampamento, isto é, no aqui e agora da história, mas ultrapassa seus limites, como uma utopia que sempre renova a ordem econômica, política, social e cultural de cada nação e de toda a humanidade.

Por isso a tenda. É nela que se localiza a arca do Senhor. Tenda é casa em movimento, permanentemente a caminho. Casa que se faz, desfaz e refaz a cada curva da estrada. Além disso, é abrigo aberto ao caminheiro que busca refúgio e descanso, lugar de acolhida. O contrário da tenda é a fortaleza, a casa cerrada e cercada por muros, cães e sistemas de segurança. Impenetrável aos peregrinos que necessitam recuperar suas energias para retomar a estrada. Deus está na tenda, paira sobre ela em forma de coluna de nuvem, oferece acolhimento e repouso. Mas, quando pensamos que o temos à mão, Ele se ausenta, dá um passo à frente, convidando-nos a desarmar a tenda e enfrentar o caminho no meio do deserto. Não é um Deus dos mortos e do passado, mas um Deus que a partir do futuro irrompe no presente, abrindo alternativas sempre distintas às encruzilhadas históricas.
Também não é um Deus que rejeita a obra humana. Ao contrário, caminha secretamente nas entrelinhas da história para dar-lhe um rumo e um sentido mais profundo, sem interferir na liberdade pessoal ou coletiva. Na busca humana de "um novo céu e uma nova terra", Iahweh assume a cidade terrestre, fazendo dela "a tenda de Deus com os homens" para caminhar em direção à cidade celeste, onde "não haverá mais morte, nem luto, nem clamor e nem dor" (Ap 21, 1-8).

A casa-fortaleza tem raízes no chão. Aferra-se obstinadamente ao terreno conquistado. Guarda tesouros que a ferrugem e a traça corrompem, os ladrões podem roubar (Mt 6,19-21). A casa-tenda, ao contrário, em lugar de raízes tem pés. Pés que podem se converter em asas. No primeiro caso, temos o rico estabelecido, com o coração prisioneiro do próprio tesouro, "semelhante ao gado que se abate", como diz o salmista (Sl 48/49). No segundo caso, transparece a figura do peregrino. De tanto caminhar, aprende a depurar e purificar a bagagem, bem como a própria alma. Em vez de acumular riquezas que o prendem e escravizam à terra e à história, cria laços, costura rede de relações, cultiva amizades - bens que ninguém rouba e não ocupam espaço. Por isso pode caminhar e voar livremente.

1. Tira as sandálias dos pés


* Assessor das Pastorais Sociais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE SEU COMENTÁRIO PARA ESTA NOTÍCIA

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...