"Evangelizar os jovens da classe popular no meio em que eles vivem e atuam, anunciando a Pessoa e o Projeto de Jesus Cristo Libertador com vista a uma prática libertadora na Igreja , na sociedade, na família e em todos os momentos de sua vida."
"AI DE MIM, SE EU NÃO EVANGELIZAR!" (1 Cor. 9,16)
"Evangelizar constitui a tarefa e a vocação próprias da Igreja, sua identidade mais profunda. Ela existe para evangelizar.”
A evangelização verdadeira se dá sob três características fundamentais e imprescindíveis:
- O anúncio;
- O testemunho de vida;
- A denúncia.
"O Evangelho é a boa nova que Jesus veio
ao mundo anunciar." (Canto das comunidades) Mas, qual a boa nova que
Jesus veio ao mundo anunciar?
"O Espírito do Senhor está sobre mim.
Ele me escolheu para anunciar as Boas - Notícias aos pobres e me mandou
anunciar a liberdade aos presos, dar vistas aos cegos, por em liberdade
os que estão sendo oprimidos, e anunciar o ano em que o Senhor vai
salvar o seu Povo." (Lc 4. 18-19).
"ANUNCIAR É PRECISO"
É preciso anunciar a PALAVRA DE DEUS, convida na
Bíblia e na tradição viva da Igreja. A Palavra de Deus deve ser a alma
da evangelização. Deve ser lida e interpretada dentro da fé viva e da
própria vida do povo. É preciso anunciar a VERDADE SOBRE JESUS CRISTO
SALVADOR. Cristo, nossa esperança, está no meio de nós, como enviado do
Pai, animando com seu Espírito a Igreja- Povo e oferecendo ao jovem de
hoje sua palavra e sua vida para levá-lo à libertação integral e a
reconciliação com o Pai. Cristo é o cumprimento de todas as promessas. A
certeza de sua Ressurreição é a certeza do Reino. A sua prática e sua
vida cio luz e, ao mesmo tempo, instrumento renovador do Espírito
Humano.
É preciso anunciar a VERDADE SOBRE A
IGREJA, POVO DE DEUS. Igreja como vivência da comunhão profunda, assim
como viveram os primeiros cristãos. Igreja, também, como sinal e
instrumento do Reino.
É preciso anunciar a VERDADE SOBRE O
HOMEM; A DIGNIDADE HUMANA. Dentre tantas distorções, é urgente anunciar a
visão cristã da Pessoa Humana. O resgate da dignidade humana só se
alcança, verdadeiramente, com a LIBERTAÇÃO INTEGRAL de cada homem e de
cada mulher. A dignidade implica em fazer respeitadas as necessidades
físicas e subjetivas de todo ser humano.
"TESTEMUNHAR: EIS O DESAFIO."
Dar testemunho de vida ao Evangelho é o grande desafio e o complemento indispensável do anúncio da palavra.
Dar testemunho de vida é, como Jesus,
amar o próximo comprometendo-se com a sua libertação. É fazer a opção
pelo empobrecido, abraçando sua causa. É amar a Deus, assumindo a
concretização de seu Reino de Amor.
Dar testemunho de vida é, se preciso, doar a própria vida.
Ser testemunho do Deus da Vida exige de
nós abertura ao "outro" e a Deus. Implica em abrir nossos corações para
que o Espírito de Deus encha nossas almas e nos liberte integralmente.
Implica em por a confiança em Deus que dá força ao fatigado, confere
energia ao inválido. Até os Jovens se cansam, se fatigam, tropeçam e
vacilam; mas,
"Os que esperam no Senhor renovam suas
forças, abrem asas como as águias, correm sem se cansar, andam sem se
fatigar." (Is 40, 29-31).
"DENUNCIAR, PRA QUE A VIDA PREVALEÇA"
É necessário, no processo de
evangelização, denunciar todos os "sinais de morte". Denunciar os
contra-valores do Reino. Denunciar a fome, a opressão, a exploração dos
homens, o individualismo, os falsos valores do capitalismo, a.
massificação do ser humano, as prisões, os guetos, o sofrimento do povo,
a ostentação dos grandes... para que a vida prevaleça.
O JOVEM EVANGELIZADOR DO PRÓPRIO JOVEM
O jovem é, ao mesmo tempo, sujeito e destinatário da
missão que realiza. De acordo com o Documento Vaticano II, os jovens
"devem converter-se nos primeiros e Imediatos apóstolos dos jovens,
exercendo o apostolado pastoral entre seus próprios companheiros,
Levando em conta o meio social em que vivem".
Evangelizar, partindo da condição dos
jovens, e anunciar, nos compromissos assumidos e na vida cotidiana, que o
Deus da Vida ama os jovens e quer para eles um futuro diferente, sem
frustração nem marginalizações, em que a vida plena seja fruto acessível
a todos. Por isso, somos testemunhas da esperança, comprometemo-nos a
mudar as condições de vida em nossa sociedade e procuramos "aprimorar a
História". Esta é a alegria que experimentamos e queremos compartilhar
com outros jovens.
Neste sentido, uma autêntica pastoral da
juventude é PARA e COM os jovens. Com eles e partindo deles, evangeliza a
juventude em geral, a grande massa juvenil e a pessoa de cada jovem em
particular. Nenhum jovem deve ficar à margem da ação da Pastoral da
Juventude.
O MEIO POPULAR
POR QUE EXISTE O MEIO POPULAR?
A sociedade em que vivemos é dividida em
classes. As classes são as partes da população que diferenciam-se entre
si pelo lugar que ocupam numa determinada sociedade. Este lugar social
está diretamente relacionado com o poder econômico que as pessoas desta
classe detêm.
Na sociedade, existem aqueles que
trabalham na produção de bens ou serviços, os trabalhadores (por
exemplo. o metalúrgico e o bancário). Existem também aqueles que são
donos dos meios de produção: os empresários (por exemplo, o dono da
metalúrgica e o dono do banco).
Os donos dos meios de produção vão se
enriquecendo cada vez mais, pois exploram a mão-de-obra dos
trabalhadores. Este tipo de relação de exploração vai gerando grandes
contradições sociais. Por exemplo: na construção civil são os
trabalhadores que constroem os edifícios, as casas, as escolas, os
cinemas, os clubes... porém, a maioria absoluta deles não usufrui desses
bens. A maioria destes trabalhadores junta restos das construções onde
trabalham para fazer seus barracos nas favelas, lixões e ocupações.
Com isto formam-se as classes:
a) A CLASSE DOMINANTE, formada por grandes empresários, latifundiários, etc.
b) A CLASSE MÉDIA, formada por pequenos empresários, profissionais liberais (advogados, médicos, etc. ), e outros.
c) A CLASSE DOS TRABALHADORES, a mais numerosa, onde
estão os trabalhadores e suas famílias, os desempregados e os
subempregados.
É esta a classe que chamamos de CLASSE POPULAR.
O local de vida e atuação das pessoas da
classe popular, nós chamamos MEIO POPULAR. Por exemplo: conjuntos
habitacionais, periferias, favelas, lixões, ocupações (locais de vida);
certas escolas, os locais de trabalho, certas organizações populares
(locais de atuação).
OS ROSTOS DO MEIO POPULAR
Os problemas enfrentados no meio popular são uma
realidade muito presente na América Latina. O documento de Puebla (31 a
41) nos coloca as várias feições encontradas no meio popular, situação
esta que nos questiona e revolta. Esta situação de extrema pobreza
generalizada adquire na vida real, feições concretas, nas quais
deveríamos reconhecer as feições do Cristo sofredor:
- FEIÇÕES DE CRIANÇAS, golpeadas pela fome, ainda antes de nascer, impedidas que estão de realizar-se, por causa de deficiências mentais e corporais irreparáveis, que as acompanharão por toda a vida; crianças abandonadas em nossas cidades, resultado da pobreza e da desorganização moral da família.
- FEIÇÕES DE INDÍGENAS e, com freqüência, também de AFRO-AMERICANOS, que vivendo segregados e em situações desumanas, podem ser considerados como os mais pobres entre os pobres.
- FEIÇÕES DE CAMPONESES, que como grupo social, vivem relegados em quase todo o nosso continente, sem terra, em situação de dependência, submetidos à exploração e à violência.
- FEIÇÕES DE OPERÁRIOS, que com freqüência mal remunerados e em dificuldades de se organizarem e defenderem. os próprios direitos.
- FEIÇÕES DE SUBEMPREGADOS E DESEMPREGADOS despedidos pelas duras exigências das crises econômicas e muitas vezes pelos modelos desenvolvimentistas que submetem os trabalhadores e suas famílias a frios cálculos econômicos.
- FEIÇÕES DE MARGINALIZADOS E AMONTOADOS DE NOSSAS CIDADES; sofrem o duro impacto da carência dos bens materiais e da ostentação da riqueza de outros setores sociais.
- FEIÇÕES DE ANCIÃOS, cada dia mais numerosos, freqüentemente postos à margem da sociedade, do progresso, que prescinde das pessoas que não produzem.
- FEIÇÕES DE JOVENS, desorientados por não encontrarem seu lugar na sociedade, frustrados, sobretudo nas zonas rurais e urbanas marginalizadas, por falta de oportunidades de capacitação e ocupação.
O JOVEM DO MEIO POPULAR
Os jovens do meio popular são a maioria do continente
e são as maiores vítimas desta estrutura social injusta. São jovens que
vivem mais perto da pobreza e de tudo o que ela implica. Recebem baixos
salários e, pela falta de oportunidades, vêem-se obrigados a trabalhar,
muitas vezes, em subempregos, para aumentar a renda familiar.
Com as responsabilidades que assumem,
transformam-se em "adultos prematuros" e têm, assim, impossibilitadas
suas aspirações de formação e de melhoria de vida. O alto índice de
evasão escolar está relacionado ao ingresso precoce no mundo do trabalho
e a impossibilidade financeira.
São milhares de jovens entregues ao
alcoolismo, às drogas, à delinqüência, à prostituição e à várias formas
de marginalização. Existem no meio juvenil popular grandes
possibilidades de educação popular e libertária, que parta de sua
própria realidade. Neste processo de educação popular é necessário
despertar a consciência crítica, a consciência de classe, visando criar
entre os jovens UMA IDENTIDADE, como jovens do meio popular.
Com o despertar desta identidade vem
surgindo uma "novidade" que começa na periferia e que será capaz de
transformar a sociedade individualista e excludente dos meios urbanos.
Como setor, a juventude do meio popular, cresce e insiste para entrar na
vida social.
A PESSOA E O PROJETO DE CRISTO
ALGUNS TRAÇOS DA PESSOA DE JESUS
A experiência do encontro com Jesus, com seu estilo
de vida, com sua pessoa, permite reproduzir novas formas de vivência e
prática. O exemplo de vida de Jesus permite reinterpretar a Igreja,
partindo da "prática" dos pobres, como propunham os bispos de Medellín e
Puebla. Isto significa hoje algo de muito concreto: ir à periferia, ir a
base, ir aonde não há poder, porque "pobre" significa "sem poder",
Jesus nasceu numa família pobre. Morava no campo. Tornou-se carpinteiro.
Prestava serviços em troca de moeda ou alimentos para sua subsistência.
Ele escolheu seus discípulos entre os humildes e marginalizados. Eram
homens da gente sofrida de seu pais. Jesus era um homem do povo. Um povo
analfabeto e desprezado. Participava das festas (Lc. 2,41:Jo 5,1). Foi
ao casamento de amigos (Jo 2,1-2). Estava sempre cercado pela multidão
(Mc 3,8; Lc 21,38; Mc 6,31).
Ele fez uma opção pelos excluídos. Passou
toda sua vida entre considerados impuros: crianças, mulheres, doentes,
samaritanos, cobradores de impostos, prostitutas, ladrões e outros.
Jesus era um homem aberto, compreensível, acolhedor... e condenava todo o tipo de discriminação.
Ele era um homem intimamente liberto, autêntico, transparente e extremamente coerente com seu próprio discurso.
O Evangelho demonstra que não eram os
discursos de Jesus o que mais impressionava e, sim, sua coerência e seu
testemunho de vida.
"Verdadeiramente este homem é justo" (Lc
23,47) Jesus propôs o "novo" em oposição às estruturas sociais o
políticas de seu tempo. Isto gerou repulsa, rejeição, criou o conflito. E
Jesus, coerentemente, enfrentou as diversas instâncias de poder do seu
tempo. Conheceu a difamação, a crítica, a perseguição e a ameaça de
morte. Sua prisão, tortura, condenação e crucificação foram
conseqüências de sua prática e de sua vida.
Jesus é um homem de ligação íntima com o
Pai. Toda sua vida é constante louvor e referência ao Pai. Ele buscava a
vontade do Pai como "alimento". Esta união e abertura ao Pai é a
condição para viver uma vida nova "em Deus".
Jesus era um homem de muita alegria.
Tinha amigos. Apresentava palavras de consolo e de esperança para todos
(cf. Lc 12,22-26). Nunca perdia o ânimo frente as provações e
dificuldades. Admirava a natureza. Andava muito. Pescava com os
discípulos. Apreciava a ternura das crianças e sabia ver o bom que
existia no coração das pessoas (cf. Mc 10,21).
Ele era, também, um homem do perdão.
Perdoou a muitos, como Zaqueu (Lc 19.1-10) e Madalena (Jo 8,3-11) e
disse aos discípulos que perdoassem quantas vezes fosse necessário.
O PROJETO DE JESUS
O projeto de Jesus possui dois pontos
importantes a se refletir: a "libertação dos oprimidos" (cf. Lc 4,18) e o
"reino", "a chegada de tempos novos" (cf. Lc 4,19).
Este projeto se resume em levar os homens
a uma libertação integral, pessoal e social, através da construção do
Reino de Deus, que passa necessariamente pela construção de uma
sociedade igualitária e fraterna onde não haja explorados nem
exploradores.
O Reino de Deus é o dom: Deus dá a sua
presença, sua solidariedade, sua justiça, seu amor. Mas, a sua
instauração exige o esforço do homem.
Para fazer parte do Reino é necessário a
conversão do coração (cf. Mc 1,15), é preciso nascer de novo (cf. Jo
3,3-21), é preciso recebê-lo com o coração de criança (cf. Mc 10,15).
Para fazer parte dos "tempos novos" e preciso amar profundamente a Deus e
aos irmãos (cf. Mc 12,28-34). O amor profundo é aquele que implica em
compromisso com o ser amado.
A CONTRIBUIÇÃO DA PJMP PARA A TRANSFORMAÇÃO DA IGREJA, DA SOCIEDADE E DO HOMEM
A Pastoral da Juventude do Meio Popular deve
proporcionar aos jovens empobrecidos serem agentes de transformação no
atual momento histórico, sempre na fidelidade à prática libertadora de
Jesus Cristo.
Contribuir para a transformação da Igreja
na medida em que se propõe a questionar o modelo de Igreja e ao mesmo
tempo, apresentar a vivência de um modelo comprometido com os
empobrecidos.
Neste sentido a Pastoral da Juventude do
Meio Popular recusa a "Igreja hierarquia", a Igreja que quer calar os
profetas, a Igreja que se omite ante aos clamores do Povo de Deus que
sofre, a mesma Igreja que foi cúmplice do massacre dos povos da América
Latina.
Mas, ao mesmo tempo que recusa esta
Igreja, a PJMP acredita na Igreja que se renova através da "OPÇÃO PELOS
POBRES". Acredita nas Comunidades Eclesiais de Base, alicerce para a
construção da nova Igreja e do Reino. Acredita na Igreja que vive e
sofre solidária com a dor da opressão dos pobres e mais humildes do
nosso continente. Por isso, como Jesus, comprometida com seu povo e com o
evangelho de Deus.
A PJMP acredita na Igreja que vive em
comunhão como povo de Deus e sente-se interpelada e questionada pelos
desejos de participação dos jovens. A PJMP quer ajudar a construir a
Igreja como: "Um exemplo de modo de convivência, onde consigam unir-se a
liberdade e a solidariedade, onde a autoridade se exerça com o espírito
do Bom Pastor, onde se viva uma atitude diferente diante da riqueza,
onde se ensaiem formas de organização e estruturas de participação,
capazes de abrir caminho para um tipo mais humano de sociedade e,
sobretudo, onde inequivocamente se manifeste que, sem radical comunhão
com Deus em Jesus Cristo, qualquer outra forma de comunhão puramente
humana acaba tornando-se incapaz de sustentar-se e termina fatalmente
voltando-se contra o próprio homem". (DP 873).
Acredita na Igreja, Povo de Deus, que é a expressão de uma experiência comunitária de viver a fé.
Levar os jovens empobrecidos a terem uma
fé encarnada na vida. E a assumirem uma prática libertadora nos
organismos de mudança da sociedade, pessoal e comunitariamente, atuando
como sal, luz e fermento no seu próprio meio, consciente de que a
transformação acontece pela união das forças e organização dos
empobrecidos.
"Acredito em um Deus que tem um amor
muito forte para os seus filhos, que está triste de ver quantos de seus
filhos estão sofrendo. Esse Deus fez questão de se tornar carne por meio
de Jesus Cristo que anunciou um projeto de vida. Eu me identifico com
este projeto". Esta é a profissão de fé de um jovem do meio rural.
Todos os cristãos são chamados a entrar neste projeto de Jesus que é a construção do Reino.
"Em primeiro lugar busquem o Reino de Deus e a sua justiça" (Mt 6,33) Mas, onde está o Reino?
"O Reino de Deus está no meto de vocês"
(Lc 17,21). Ele está no nosso meio na medida em que a gente vai
construindo o mundo que Deus quer: mundo de justiça, de igualdade, de
participação, sem opressores, nem oprimidos.
O que não se pode é confundir a realização de uma sociedade nova com a concretização do Reino.
"Se o Reino de Deus passa por realizações
históricas, não se esgota nem se identifica com elas" (Documento de
Puebla 193). A nova sociedade nunca é perfeita. É uma busca contínua. É a
mistura do joio e do trigo. O Reino de Deus não chegou porque a
oposição sindical ganhou ou porque o meu partido ganhou as eleições. O
Reino e a Nova Sociedade não se confundem, mas um tem muito a ver com o
outro, pois a Nova Sociedade é uma realização parcial do Reino, um
estágio incompleto.
A PJMP contribui para a construção da
Nova Sociedade, à medida que, a partir do projeto de Cristo, busca
despertar nos jovens do meio popular a consciência de classe, a
identidade como setor especifico e marginalizado da sociedade,
incentivando-os a terem um engajamento em mecanismos de transformação
(associações de bairro, grêmios estudantis livres, sindicatos, partidos
políticos comprometidos com as causas populares, movimentos culturais,
ecológicos, etc. ), proporcionando assim o fortalecimento do poder
popular.
"Felizes os que têm sede e fome de
justiça. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque
deles é o Reino do céu". (Mt 5,3-21).
A PJMP quer contribuir com a afirmação de novos valores. Diante da construção de uma sociedade de amor e liberdade dizer:
- SIM À COMUNHÃO. Numa sociedade dividida pelo interesse e pelo ódio, separada em classes sociais, os jovens unificados em Cristo, podem trabalhar pelo surgimento da Nova Sociedade mediante a solidariedade, a fraternidade e o sentido de comunhão.
- SIM À PARTICIPAÇÃO. A juventude deve comprometer-se com um esforço que garanta o direito de todos ao trabalho, à cultura, à ação política e a todos os benefícios que decorrem da organização social.
- SIM À VERDADE de Jesus Cristo, porque ela é a única que nos faz plenamente pessoas, conforme o que devemos ser dentro do Plano de Deus.
- SIM À JUSTIÇA. Porque é um direito que Deus confiou a todos os homens e mulheres para que vivam autenticamente, como irmãos, filhos do mesmo Pai.
- SIM À LIBERDADE. Porque é dom inerente à condição humana e fator indispensável para O progresso dos povos.
- SIM À PAZ. À Paz que "não é mera ausência de guerra, que não se reduz apenas ao equilíbrio de forças adversas, ...", mas que se constrói cada dia pelo esforço em prol da fraternidade, com os bons resultados obtidos pela prática da solidariedade e com a luta pela justiça.
- SIM AO AMOR. Amor que é a manifestação do próprio Deus, a maior energia transformadora de homens e povos, que leva à entrega de si mesmo, traduzindo-se por meio de respeito e promoção dos mais fracos, de possibilidades reais de expressar-se e de influir nas decisões, de receber os benefícios produzidos por todos. Amor que gera compromisso como ser amado.
Por isso, é preciso rejeitar tudo o que
oprime o homem e, assim, dizer: NÃO À EXPLORAÇÃO, NÃO À INJUSTIÇA, NÃO
AO EGOÍSMO, NÃO À VIOLÊNCIA em todas as suas modalidades,...
No processo de construção da Nova
Sociedade, qualquer modelo de desenvolvimento, qualquer projeto
histórico de sociedade desejado, tem que levar em conta:
- A PRIORIDADE DA VIDA SOBRE QUALQUER OUTRO VALOR OU INTERESSE. Só Deus é o dono da vida, que devemos administrar, pondo-a a serviço dos outros. Defenderemos a vida humana, de cada homem e de todos os homens, e seremos incansáveis lutadores pelos Direitos Humanos.
- A PRIORIDADE DA VERDADE SOBRE TODA INTENÇÃO. Num Continente onde a mentira, a manipulação das pessoas, a calúnia etc. foram e são armas comuns por parte de grupos interessados em que não se conheça a verdade, os jovens cristãos querem praticá-la a cada momento, em cada circunstância e situação, mesmo sabendo que isto pode nos causar a perseguição e a morte.
- A PRIORIDADE DA PESSOA SOBRE TODO O PODER OU PROJETO. Queremos que tudo esteja a serviço do homem, em especial, dos mais pobres. Por isso toda a autoridade, todo sistema econômico e toda a ideologia não nos servem quando se colocam à margem, acima ou contra a pessoa humana. Deus mostra, na Bíblia, esta prioridade:
"O homem não foi feito para o sábado, mas o sábado para o homem" (Mc 2, 27).
"Tudo o que fizerdes a um de meus irmãos, por mais insignificante que pareça, a mim o fareis" (Mt 25, 40).
- A PRIORIDADE DO TESTEMUNHO SOBRE AS PALAVRAS. Os jovens não aceitam o palavreado vazio e rejeitam a hipocrisia com que vem sendo enganados: as falsas promessas e as vãs ilusões.
- A PRIORIDADE DA REALIDADE SOBRE TODO O PROJETO PRECONCEBIDO. Deus se manifesta na própria realidade do povo. Assim, a construção de uma nova vida parte da própria realidade deste povo, levando em conta as suas necessidades reais.
- A PRIORIDADE DO HOMEM E DO TRABALHO SOBRE O CAPITAL E A EMPRESA. Foi o pecado, inverso desta prioridade, que provocou a situação que se constata haver entre os homens "ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres" (João Paulo II). Este é o principal desafio para os que se propõem a concretizar o projeto de Deus.
A PJMP quer contribuir para a construção de um Novo
Homem e uma Nova Mulher. Jesus revelou ao homem o mistério de seu
próprio ser: o homem é filho de Deus e participa da vida divina pela
ação do Espírito Santo. E, nesta vida de Deus, todos os homens descobrem
a verdadeira fraternidade, pois todos são filhos do mesmo Pai.
Esta visão Cristã impregna de espírito a
encaminha para a sua realização final um sonho, uma utopia, do homem e
da sociedade, sonho que anima os homens a se moverem em busca de sua
própria transformação e renovarem a sociedade em seus fundamentos.
O Homem Novo que assim é gerado apresenta-se como:
- LIVRE: Que conserva a sua identidade, sua individualidade. Que é intimamente livre, capaz de se desprender das amarras do individualismo, capaz de criar, junto com outros, as formas mais adequadas de vida, de trabalho, de ser cristão... Esforça-se por ser livre de si mesmo, a fim de estar mais livre e disponível para os outros, disposto a doar-se.
- SOLIDÁRIO: Como o bom samaritano, ele se inclina sobre os que caíram a fim de levantar-se com eles; não há luta por libertação que não seja também sua luta, atento como se acha às mais diversas formas de apoio até assumir todas as suas conseqüências, por mais pesadas e difíceis que sejam.
- COMUNITÁRIO. Aberto à comunicação e à convivência, cria vínculos de reciprocidade e de participação através de inúmeras relações comunitárias que permitem a plena realização pessoal de todos e de cada um, evitando a massificação do ser humano, que não deixa a pessoa ser, nem se expressar com espontaneidade e riqueza espiritual.
- DE NOVAS RELAÇÕES: Que respeita o outro; que rejeita os preconceitos. O novo namorado e a nova namorada, os novos marido e mulher, os novos filho e filha capazes de amarem-se verdadeiramente, livrando-se do sentimento de posse, da dominação, da reprodução dos falsos valores da sociedade.
- PROFÉTICO: Com lucidez critica, denuncia tudo que cria opressão, enxerga os interesses que se ocultam por trás dos projetos dos grupos dominantes, anuncia com sua palavra e sua vida o ideal de uma sociedade de irmãos e de iguais.
- CONTEMPLATIVO: Apesar da luta, não perde o sentido da gratuidade, do valor próprio de cada dimensão humana, como o amor, a festa, a celebração, a afetividade e a sexualidade. Como Jesus, sabe recolher-se para rezar com o coração aberto, contemplar a presença de Deus na natureza e na História dos homens, especialmente na luta e na caminhada dos mais humildes. Ele aprecia a ternura das crianças, a coragem do militante.
- UTÓPICO: Não descansa com os sucessos; não desanima com os fracassos, traduz o Reino de Deus em esperanças históricas no âmbito pessoal e social, esperanças de saúde, de trabalho, de cultura... A pequena utopia de que todos comam pelo menos uma vez ao dia; a grande. utopia de urna sociedade sem exploração e organizada com a participação de todos; e, finalmente, a utopia absoluta de comunhão com Deus, vivem no coração de quem se compromete com a libertação integral.
ATITUDES FUNDAMENTAIS PARA O COMPROMETIMENTO COM A TRANSFORMAÇÃO
Para contribuir com a transformação da Igreja, da
sociedade e do homem, é preciso descobrir e adotar algumas atitudes
fundamentais. Jesus apresenta várias atitudes que poderão animar e dar
sentido à vida do militante:
“Que a luz de vocês brilhe (...) para que os homens louvem ao Pai” (Mt 5,16)
“Dizei somente sim, se é sim; não, se é não...” (Mt 5,37)
“Não ajuntem riquezas” (Mt 5, 19)
“...Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra " (Mt 5,39)
"Amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem” (Mt 5,44) etc. ...
Bibliografia :
01 - HISTÓRIA DA PJ NO BRASIL, IPJ-RS
02 - MÍSTICA DA CAMINHADA, Estudos da PJ n.º 3
03 - PASTORAL DA JUVENTUDE DO MEIO POPULAR - PRESENÇA NA LUTA DO POVO. Regional Sul II - subsídio 2
04 - PASTORAL DA JUVENTUDE NO BRASIL, Estudos da CNBB - Doc. 44
05 - PASTORAL DA JUVENTUDE, SIM À CIVILIZAÇÃO DO AMOR, CELAM
06 - PJMP: UM RELATO HISTÓRICO EM QUASE DEZ ANOS, Doc. PJMP Nacional
07 - PJMP: SEMENTE DO NOVO NA LUTA DO N0VO, Doc. PJMP Nacional
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