Fazenda da Esperança São Bento, Sobral-Ceará, 20 de junho de 2011.
Carta Circular (Por ocasião da Semana Nacional Anti-drogas)
Eminentíssimo Bispo Diocesano, Dom Odelir José Magri. Reverendíssimos Padres, Caríssimos pais e mães, nobilíssimos jovens (usuários ou não), senhores políticos, advogados, juizes e todos que lerem a esta carta.
Estamos vivendo uma catástrofe e como COMUNIDADES TERAPÊUTICAS não poderíamos deixar de estarmos alerta e solicitarmos a participação de todos nesta guerra que precisamos empreender contra o uso e abuso de substâncias psicotrópicas. A nossa juventude está cercada e todos os dias é incomodada de alguma forma, por traficantes ou usuários dependentes e iludidos pelo submundo oferecido pelas drogas que é somente de ilusões e onde a perspectiva de vida digna vai morrendo constantemente, o sentido de família vai se perdendo e o conceito de sociedade vai sendo corrompido por grupos marginais que não respeitam o Estado porque não se atêm às leis.
Quem é que não tem um parente, ou pelo menos um conhecido que é usuário de drogas? Quem não conhece uma família que vive a dor de ter pelo menos uma pessoa dependente em seu seio? Quem não sabe de uma família que perdeu o filho para o álcool ou para a droga?
É chegada a hora de unirmos forças… O combate é urgente e necessário! Não podemos deixar que essa pandemia psicotrópica acabe de tomar conta do nosso povo, acabe de dominar o nosso país, consuma as nossas casas. Precisamos de medidas político-sociais, religiosas e outras mais voltadas para o enfrentamento do uso abusivo do álcool e aqui seria bom nos posicionarmos contra as grandes propagandas de bebidas alcoólicas exibidas nas grandes televisões do Brasil, especialmente em grandes eventos esportivos. Afinal, por que associar esporte com álcool? Esse casamento é uma farsa que destrói e aliena o nosso jovem. Precisamos exigir atitude dos nossos parlamentares no sentido de que façam leis desburocratizadas e que condigam com a realidade que vivemos: sem deixas para os advogados do diabo que tiram das cadeias os traficantes deste país sem que tenham cumprido integralmente as suas penas. E se isso é condição da lei, que a transformem para que traficantes não tenham o benefício da progressão. Temos a obrigação de lutar e exigir um judiciário mais forte e imperativo, também, nesse sentido.
Graças a Deus, a Igreja Católica tem se antecipado ao Estado e por meio de suas Instituições, por ela reconhecidas como a FAZENDA DA ESPERANÇA e o PROJETO VOLTA ISRAEL, luta para que aqueles que se perderam na dependência química retornem ao seio de suas famílias, tenham vida digna e se integrem à sociedade como homens novos, recuperados e com novo sentido para as suas vidas. Sabem por quê? Porque a Igreja os dá o que que eles nunca tiveram: Deus, a Palavra, o sentido Evangélico da vida, o dom de se reconhecerem filhos de Deus. Sim, porque filho de Deus não usa droga e nem se embriaga e os nossos jovens andam cheios de drogas e álcool em suas cabeças porque não têm Deus. Nossa sociedade é atéia! Nós somos ateus! Precisamos, também, assumir que não damos Deus aos nossos filhos. Precisamos ter a dignidade de reconhecermos os nossos erros e humildemente repensarmos o nosso “ser família” dentro dos nossos lares. Levantemos nossas cabeças e encaremos a realidade como ela está! Mudemos de atitude e assumamos o DEUS que dizemos ter e não vivemos. Mudemos de atitude e conversemos em família. Desapeguemos da televisão, pensemos no estrago que ela nos causou! Sejamos seletivos e nela escolhamos o pouco que presta! Minha gente, a família como instituição, hoje, é um caco que precisa ser ajuntado para que a sua reconstituição dê os frutos que tanto queríamos agora. Em nossas casas tem-se um grupo de estranhos. Ninguém se reconhece! Irmão não conhece irmão, os pais não conhecem os filhos e vice-versa. Nossas casas viraram albergues e cada um quer viver ao seu modo. A nova estrada para a juventude, sem drogas, sem álcool e com Deus começa em nossos lares. Neles precisamos nos integrar e sermos uno como Deus o É em sua diversidade de Pai, de Filho e de Espírito Santo. Unamos nossas forças. Somemo-nos àqueles que dão a vida pelo seu próximo como os consagrados do Shalom e da Família da Esperança e os seus Embaixadores. Unamo-nos aos outros projetos que também combatem a essa enfermidade social, mesmo que eles não tenham o cunho evangélico que sabemos ser solução. Somemo-nos aos grupos de auto-ajuda, como os Grupos Esperança Viva que temos em Sobral e Groaíras. E acima de tudo lutemos por um mundo Cristão e, com certeza, viveremos a lucidez e a sobriedade que só o Cristianismo assumido e vivido podem proporcionar.
Francisco José Leandro Santos
Fazenda da Esperança
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