Jeane Freitas
Jornalista da Adital
O que motiva uma caminhada de milhares de mulheres camponesas vindas
dos mais diversos lugares do Brasil? Justiça, sustentabilidade,
cidadania, respeito aos direitos mais básicos. É com esse propósito que
Brasília receberá, nos próximos dias 16 e 17 de agosto, a Marcha das
Margaridas - evento que pretende reunir cerca de 100 mil pessoas no
intuito de cobrar políticas públicas mais efetivas para o campo.
Realizada de quatro em quatro anos, trata-se do maior movimento de
trabalhadoras rurais organizadas da América Latina. Este ano, a Marcha
tem como lema "Desenvolvimento sustentável com justiça, autonomia,
igualdade e liberdade”. Foi com base nesse lema que as organizações que
compõem a Marcha elaboraram uma pauta extensa que foi entregue à
Presidência da República. Ainda para hoje, à tarde, era esperada uma
audiência pública no Planalto dos Ministérios com representantes do
governo e da coordenação da Marcha para dar continuidade às negociações
sobre o documento, entregue em julho.
Segundo Carmem Foro, coordenadora geral da Marcha das Margaridas, os
preparativos estão a toda velocidade. Cerca de 70 mil pessoas já estão
confirmadas. "Nossa presença aqui é impactante. Estamos construindo a
Cidade das Margaridas para receber o Brasil”, afirma.
Para Carmem, "a Marcha tem um caráter histórico para o Brasil. Sua
realização oportuniza o reconhecimento da primeira mulher eleita
presidenta do país e a construção de uma agenda política, que enaltece
as mulheres para a conquista de direitos e mudança em busca de uma nova
sociedade”.
A coordenadora aponta, ainda, um diferencial: o aumento na
participação das mulheres. "A cada realização temos visto o crescente
número de pessoas, a visibilidade do evento, o amadurecimento com as
pautas e o envolvimento de outros movimentos”, falou.
Temas como Biodiversidade, democratização dos recursos naturais,
terra, água, agroecologia, soberania e segurança alimentar e
nutricional, saúde pública, direitos reprodutivos, serão alguns dos
eixos centrais que as mulheres reivindicarão nos dias do evento.
Os eixos têm fortalecido a Marcha desde quando foi realizada pela
primeira vez no ano 2000, depois 2003 e 2007, e desde então, têm pautado
questões estruturais e conjunturais específicas das trabalhadoras do
campo e da floresta. As principais conquistas das mulheres, ao longo das
caminhadas, têm sido em torno da manutenção da aposentadoria das
mulheres aos 55 anos, da representação na comissão tripartite de
igualdade de oportunidades do Ministério do Trabalho, da reestruturação
do grupo terra responsável pela construção da política de saúde para a
população do campo, dentre outras.
Margarida Maria Alves
A caminhada tem esse nome para fazer justa homenagem a líder sindical
Margarida Alves. Símbolo da luta das mulheres pela terra, trabalho,
igualdade, justiça e dignidade ela foi barbaramente assassinada em
Alagoa Grande, Paraíba, região Nordeste do país, com um tiro no rosto no
dia 12 de agosto de 1983.
O evento
No dia 16, um ato político está marcado para apresentar a pauta de
reivindicações. Será inaugurada uma mostra fotográfica sobre a
trajetória de luta das mulheres trabalhadoras rurais na Marcha, além de
atividades culturais como oficinas de batucada e confecção de
estandartes para a caminhada de protesto na Esplanada dos Ministérios
que ocorrerá no dia seguinte.
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